5 de jul. de 2010

Navegando nos olhos do amor

Navegando palavras em teus olhos
Silência...
Como concha de música,
perdida nas vibrações das notas.
Fico instantes absolutos
ouvindo seu cantar...

Teus olhos me levam a distâncias
Palpáveis arco-iris bebem a água
da última manhã...
Uma ave de cristal
move ondulada,
alada canção de mistérios.

Teus olhos pousados no silêncio do corpo:
clarins de amor
Ousados no nada absoluto,
tudo fala, tudo palpita, emudece, grita...

Navego em teus olhos
na planície do som
-o eco vindo do fundo -
Palavras surdas...
Peixe, navego
abrindo horizontes
no azul do amor oceânico.

27 de jun. de 2010

Explicações

Uma explicação é uma forma de raciocínio que tenta dar resposta à pergunta "Porquê?" Por exemplo: "Por que só depois de tanto tempo eu resolvi reeditar o livro dos meus dias?" Uma boa explicação seria baseada numa teoria científica ou empírica. Nesse caso, uma explicação é falaciosa se o fenômeno não ocorre ou se não houver prova de que possa ocorrer.

Por exemplo:

"A razão de rememorar coisas que nos parecem "mortas", reside no caráter de que essas coisas não estão verdadeiramente "mortas". (É uma tentativa de explicar porque razão as coisas que vivem em nós são trazidas à nossa memória. No entanto, não são todas as coisas que nos fazem reviver. Isso é uma explicação falaciosa pois, o fenômeno que nos faz reviver pode ou não ter ocorrido como, agora, pretendemos provar que ocorreu)

Uma boa explicação para que eu, depois de tanto tempo busque reeditar o livro dos meus dias é justamente o significado da palavra REVIVER: V.t. e v.i.: Voltar à vida, renascer, revigorar-se, renovar-se,Ressuscitar, manifestar-se de novo, tomar novo alento.Relembrar, recordar: reviver momentos significativos do passado.

Feitas essas considerações, explico que o que passarei a escrever aqui, poesias, musicas e RUAS, são efeitos da ressureição, da nova manifestação, do novo alento, do voltar à vida, do revigorar do AMOR.

P.S:

"Te agradeço por me trazer à lembrança
momentos de profundo amar...
O que nesse pequeníssimo espaço de tempo
seu olhar me fez recordar,
são lembranças de saudade,
momentos que nem o tempo pode apagar...
Quando sua lembrança for saudade,
do meu profundo te amar...
serei também agradecida
de para sempre te recordar."

Ana

O livro dos meus dias

Aqui começo a reescrever sobre aquela Ana de a mais ou menos vinte anos.
Pode parecer estranho, mas após esse tempo deixei todas as poesias, as músicas,as RUAS e os sentimentos guardados em mim e em recortes de papéis que desorganizadamente escondi no fundo de baú, no fundo do meu coração e no brilho de uma ESTRELA que me encontra todos os dias a piscar no céu.

Só recentemente é que encontrei minhas divagações escritas e empoeiradas em um canto qualquer. Só proximamente ao tempo de agora é que encontrei a chave do meu coração, perdida que estava num sorriso e num olhar profundo e tímido que me iluminou a alma.

Reli várias vezes o livro dos meus dias. Chorei pelo livro dos meus dias. Sorrio pelo livro dos meus dias. Revivo o livro dos meus dias.

RUAS

Morreu em 19.05.1992 "RUAS".

Estrela amiga e muito mais...

“Agora o braço não é mais o braço erguido num grito de gol.

Agora o braço é uma linha, um traço, um rastro espelhado e brilhante. E todas as figuras são assim: desenhos de luz, agrupamentos de pontos, de partículas, um quadro de impulsos, um processamento de sinais. E assim – dizem – recontam a vida.

Agora retiram de mim a cobertura da carne, escorrem todo o sangue, afinam os ossos em fios luminosos e aí estou, pelo salão, pelas casas, pelas cidades, parecida comigo. Um rascunho. Um forma nebulosa, feita de luz e sombra. Como uma estrela.

Agora eu sou uma estrela!”

Elis Regina

Sobre a autora

Eu vou falar de uma mulher
de uma qualquer
Uma fulana, mundana, sem grana
Mas que sabe o que quer

Uma mulher que a todos agrada
Que sabe ser amiga, amante
E ser dada
Que gosta de beijo
e boca de madrugada

Mulher para quem não se constrói templo
E é exemplo para aquela
que não morreu

Coisa boa de gostar
conversa boa de prosar
Doce fadiga
paixão antiga
mulher, flor
céu e chão...


P.S: Estas são palavras do Paulinho, a quem Ruas dedicou muitas inspirações. Aos dois agradeço por escreverem ou plagiarem esta abertura a tantos anos atrás, tão linda, tão verdadeira.

Velhice

Sumiu Alma
Voou beleza
Apagou-se o brilho
Na casa
Saudade ficou
A fonte secou
Energia acabou
amor partiu
A pele fosca chegou
A fonte secou

Desta casa
pouco sobrou
paredes aos pedaços se achou
por dentro tudo mudou
a tristeza hoje mora
onde a alegria passou

Bom Dia

Sentimentos e você
Aurora chegando
tão de mansinho
Entrando em nós
sem que pudéssemos sentir
Entrando
sem que claros
descobrissemos como
ou onde seu limite

Formas perfeitas
Vermelho na alma
Escura no corpo

És bela
aurora embalada
meio gente
meio terra
meio eu e você
meio nós misturados
raios amarelos, azuis, brancos
claros como o dia.

Bom Dia!